Da sala de aula ao campo, produtora ensina importância da sustentabilidade

Dulce Ciochetta, administradora do Grupo Morena, em Mato Grosso, defende que mulheres têm mais “vez e voz” no agronegócio

Dulce Ciochetta é professora. Saiu da sala de aula para tentar a sorte na agricultura, ao lado do marido, mas, na realidade, nunca deixou de ensinar. Em Tangará da Serra (MT), ela começou a cuidar do setor administrativo da Fazenda Morena, mas lembra que, de 1989 até 2007, sua participação nos negócios foi “muito parecida com a das outras mulheres, uma participação meio invisível”.

Só que isso não foi muito adiante, e logo ela estava participando das tomadas de decisão e ensinando para outras pessoas a importância de administrar a fazenda sob o olhar da sustentabilidade.

Integrante do grupo Agroligadas, Dulce conta que a união das mulheres é um dos movimentos mais enriquecedores para o agronegócio, porque a troca de experiência permite que uma aprenda com a outra, deixando a informação mais acessível a todas. “A mulher tem ganhado vez e voz no agronegócio, e é muito legal ver a troca de informações entre as mulheres. Umas aprendem com as outras, todas se ajudam”, diz.

O que antes era uma fazenda agora é o Grupo Morena, em Campo Novo do Parecis, com lavouras de soja, milho, eucalipto, e também do gado de corte. Na sala da administração, há um quadro com metas de sustentabilidade para serem cumpridas por todos os funcionários.  Desde a parceria com o Sindicato Rural do município para a capacitação dos colaboradores até a produção em integração lavoura-pecuária-floresta, tudo passa pelos pilares social, econômico e ambiental.

Dulce conta que um dos projetos sustentáveis que mais deu reconhecimento ao Grupo Morena foi o reaproveitamento da água da chuva, há cerca de 10 anos, “em uma época que mal se conhecia esta prática”. Ela revela que foi assistindo ao Globo Rural na TV que viu a técnica de armazenar a água em um reservatório, para poder reutilizá-la na lavoura. “É algo que nós construímos aqui, um gesto simples depois de ver tanta água da chuva sendo desperdiçada. Então, agora tudo é reaproveitado e volta para a natureza”, diz Dulce.

Esta trajetória rendeu a Dulce o troféu do Prêmio Mulheres do Agro, na edição de 2018, e em 2020 ela foi convidada para ser uma das embaixadoras da premiação, promovida pela Bayer e Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). “As mulheres têm essa mania de achar que não fazem o suficiente, mas precisamos começar a nos reconhecer e contar nossas histórias para inspirar outras”, destaca.

GLOBO RURAL. Da sala de aula ao campo, produtora ensina importância da sustentabilidade. Disponível em: https://revistagloborural.globo.com/Premio-Mulheres-do-Agro/noticia/2020/09/da-sala-de-aula-ao-campo-produtora-ensina-importancia-da-sustentabilidade.html. Acesso em: 29 set. 2020.